26 abril 2012

Vida


Tem horas na vida de que tudo que precisamos, é de uma palavra, um abraço, um sorriso, um gesto ou olhar. Estou mais do que nunca precisando disso. Preciso amar novamente, esquecer a dor de meu peito, a decepção, coragem para amar novamente, o meu medo é somente de não sentir novamente o que senti, a mesma emoção, a mesma paixão, o mesmo desejo. Sei que leva tempo, um amor não se esquece da noite pro dia, vai demorar um pouco, mas vou voltar a amar novamente, voltar a sentir o que senti, a amar na mesma intensidade, porque com o amor não se brinca, é como uma flor , precisa ser regada, alimentada, mas aos poucos vou descobrindo que a vida é assim, infelizmente, ela leva pessoas, traz pessoas, um dia se perde, outro se ganha, somos donos de nosso atos, mas não somos donos de nossos sentimentos, somos culpados pelo que fazemos, mas não somos culpados pelo que sentimos, sentimentos são pássaros em vôo. O amor é quando a gente mora um no outro. Uma vez me disseram que eu sou um milho de pipoca, o milho de pipoca na panela se transforma rapidamente, amadurece, passamos todos por isso, uns mais rápidos, outros lentamente, mas o importante é o aprendizado de tudo que passamos, sejam elas boas ou ruins, lendo dois poemas de dois grandes poetas: Clarice Lispector e Mário Quintana, pensei nessa questão, compartilho com todos essas duas  lindas e intensas poesias que se chamam "há momentos" e o "tempo" de ambos os autores.
Any



Há Momentos


Há momentos na vida em que sentimos tanto
a falta de alguém que o que mais queremos
é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.

Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.

O futuro mais brilhante
é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.

A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre."



Clarice Lispector


O tempo


A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa. 
Quando se vê, já são seis horas! 
Quando de vê, já é sexta-feira! 
Quando se vê, já é natal... 
Quando se vê, já terminou o ano... 
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida. 
Quando se vê passaram 50 anos! 
Agora é tarde demais para ser reprovado... 
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. 
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas... 
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo... 
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo. 
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz. 
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.





Mário quintana







21 abril 2012

Família é uma merda


Família é uma merda
Rubem Fonseca

Tenho uma saúde de ferro, mas andava sentindo umas dores de cabeça e fui à farmácia comprar aspirina. Foi assim que conheci Genoveva. Ela me perguntou para que eu queria aspirina.

“Para dor de cabeça”.

“Aspirina ataca o estômago”.

Se ela trabalhava numa farmácia devia saber o que estava dizendo.

“Então eu tomo o quê?”

“Tylenol.”

“Já tomei esse troço e não passou a dor” Ficamos batendo um papo, não tinha outros fregueses na farmácia. Ela morava na rua do Camerino, logo no início, perto da farmácia, que ficava na rua Larga, também conhecida como Marechal Floriano. Eu morava no Santo Cristo.

Gostei de Genoveva. Mesmo sem estar com dor de cabeça, voltei à farmácia no dia seguinte.

“Já acabou o Tylenol?”

“Vim só dizer oi para você”.

”Oi.Como é o seu nome?”.

“Valdo”.

“Parece nome de jogador de futebol. Você joga futebol?”

“Jogo. Pelada. Todo brasileiro joga futebol”.

“O meu é Geni”.

Depois desse dia, começamos a namorar O problema é que eu tinha que namorar escondido dos meus irmãos e da minha mãe. Eu gostava da Genoveva, mas ela era feia, nem muito gorda nem muito magra, nem tinha a pele ruim, mas era feia. Não sei como explicar a feiúra da Genoveva. Se fosse uma garota bonita era mais fácil.

Já namorávamos havia dois meses quando Genoveva me disse que a mãe dela queria me conhecer As confusões entre namorados sempre começam quando as famílias se metem no meio. A velha ia achar uma porção de defeitos em mim.

Mas não foi nada disso. A velha disse:

“Genoveva, seu namorado é muito bonito e educado”.

“Mamãe, eu disse a ele que me chamava Geni, a senhora sabe que eu não gosto desse nome.

“Se o moço vai casar com você tem que saber o seu nome verdadeiro.”

“Meu nome também não é Valdo. É Oduvaldo”.

“Acho Oduvaldo bonito’; disse a garota.

“Eu acho Genoveva mais ainda”.

Depois a mãe foi ver televisão no quarto onde as duas dormiam. A casa era pequena. Ficamos sozinhos no sofá da sala e eu não fiz nada. Não fiz nada porque Genoveva era virgem e eu não queria mandar o cabaço dela pro espaço, aquela coisa de a mãe falar em casamento me deixou arrepiado. Tirar cabaço é coisa feita no impulso, e a mulher sempre embucha. Aí o cara tem que casar Eu até casava com Genoveva, se não fosse a minha família. Todo mundo na minha casa era bonito. Como é que eu ia chegar e dizer, olha aqui pessoal, vou casar com esta moça feia? Ainda por cima, no momento nem estou trabalhando, quem me sustenta é o meu irmão que tem um restaurante no Santo Cristo. Ele é casado com uma dona que podia trabalhar no cinema.

Santo Cristo é um lugar perfeito, nasci e me criei lá, não tem boteco, loja, oficina, casa que eu não conheça, pelo menos por fora. Sei onde se pode comer uma boa gororoba, claro que o melhor lugar é o restaurante do meu irmão. Santo Cristo é um paraíso, eu podia passar a vida sem sair do bairro nem para ir à praia. Como é que fui comprar um remédio para dor de cabeça na rua Larga, se Santo Cristo tem suas farmácias? Foi o destino. O destino arma essas coisas pra cima da gente, colocou Genoveva no meu caminho.

“Você não gosta do lugar onde mora?”

“Por quê?”

“Nunca me leva para passear em Santo Cristo”.

“Não gosto daquele bairro. Prefiro a Tijuca. Já morei na rua dos Araújos”.

Era mentira. Eu detestava a Tijuca, mas não queria andar pelo Santo Cristo e ser visto com Genoveva. Quem morava na rua dos Araújos era uma meio-prima minha, a Glorinha, nós namoramos até que eles se mudaram para a Barra e eu inventei que isso complicou o namoro. Foi um pretexto, ela era bonita, gostava de mim, mas eu não gostava dela e dizem que filhos de primos podem nascer aleijados. Meus irmãos, apesar de detestarem a nossa tia, que era irmã da minha mãe por parte de pai, achavam que seria um casamento perfeito para mim. O pai dela, sócio de uma companhia de ônibus na Baixada, podia me arrumar um emprego, já que eu não queria ser garçom no restaurante do meu irmão. Eu não era daqueles caras que inventam que estão desempregados porque não encontram emprego, eu não encontrava mesmo, só não queria ser garçom.

‘‘Você não vai me apresentar sua família? Você nunca fala dela”.

‘‘Qualquer dia desses”.

“Eu te apresentei minha mãe. Não tenho pai. Você tem pai e mãe?”

“Sou igual a você, só tenho mãe. Mas ela não gosta de receber visita”.

“Também não tem irmãos?”

Você nunca conta uma mentira apenas. Vem sempre uma porrada delas, de enxurrada. Acho que eu dizia pelo menos uma mentira por dia para Genoveva. Eu gostava dela, mas não podia gostar dela, uma mulher bonita pode gostar de um homem feio, mas nenhum homem pode gostar de uma mulher feia, o mundo é assim. Se eu tivesse dinheiro para sair de casa, fugia com ela. E o trambolho da mãe, o que a gente ia fazer com aquilo? Quem sustentava a velha era a Genoveva, com a merreca que ganhava na farmácia, e olha que ela era a gerente.

Como diz o ditado, é mais fácil pegar um mentiroso do que um coxo. Coxo é uma espécie de perneta. Um dia fui apanhar Genoveva na farmácia na hora do almoço, íamos comer um sanduíche com caldo de cana num pé-sujo da rua do Acre e descíamos pela rua Larga quando ouvi uma voz:

“Oduvaldo, Oduvaldo”

Reconheci a voz, fingi que não ouvi. Continuei andando, mas Genoveva parou, olhou para trás.

“Tem uma moça te chamando”.

“Moça? Deixa pra lá, vamos embora”.

Mas a minha irmã já tinha chegado perto.

“Hoje é o aniversário de Clodoaldo. Não vá se esquecer Oito horas. Você é meio cabeça-tonta.”

Lá em casa todos os nomes de homem terminam em aldo. E o nome das mulheres em alva.

“Não vai me apresentar a sua amiga?”

“É a moça da farmácia”.

“Eu sou irmã dele. Marialva, muito prazer”.

“Muito prazer, Geni. Pensei que estava viajando”.

“Viajando? Quem me dera.”

“O que você está fazendo aqui na rua Larga?’ perguntei, irritado.

"Vim comprar o presente do Clodoaldo. Você está aborrecido com alguma coisa?”

“Temos que ir, tchau” eu disse, puxando Genoveva.

O caldo de cana naquele dia estava com gosto ruim. Genoveva não comeu o sanduíche. Disse estar sem fome e não falou mais nada. Quando voltávamos para a farmácia, me perguntou:

“Por que você não me apresentou como sua namorada? Moça da farmácia? Moça da farmácia?”

“Eu não quis, sabe como é, dizer assim, sem mais nem menos, esta é minha namorada, minha irmã ia dizer, meu irmão tinha uma namorada e não apresentava para a gente. Sabe como é, ia ficar esquisito”.

“Ela não estava viajando? Ou você está me engrupindo?”

“Que é isso, Genoveva? Está zangada?”

“Estou zangada, sim”.

“Eu um dia te apresento a eles”.

“Por que não me leva no aniversário do, do, como é o nome dele? Do seu irmão”.

“Clodoaldo. Assim, sem mais nem menos?”

“Como, sem mais nem menos? Tem que chegar uma hora para isso”.

“Não sei se a hora certa é numa festa de aniversário sem graça, com bolo e parabéns para você”.

Eu e o Clodoaldo fazíamos anos no mesmo mês, mas Genoveva não sabia disso, eu não podia dizer para ela que minha família ia dar uma festa para mim nos próximos dias, no meu aniversário. Eu não podia levar a garota na minha casa. Família é uma merda.

“Você pensa que eu sou boba, não pensa?”

“Que é isso, Genoveva?”

“Pára de dizer o que é isso. Isso é isso mesmo. Não me leva até a farmácia, quero pensar, você está me atrapalhando”.

Ela saiu correndo, correndo mesmo, como se estivesse disputando os cem metros rasos.

Cheguei às oito em ponto na festa do Clodoaldo, no restaurante dele, fechado para os fregueses naquela noite. Entre os presentes que ganhou, o único mixuruca foi o escudo do Vasco que dei a ele, mas Clodoaldo era um vascaíno fanático e gostou do escudinho, além disso sabia que eu estava na pindaíba. Fiquei espiando a minha família, todo mundo elegante, todos bonitos e bem de vida, a mulher do Clodoaldo era bonita, a do Reinaldo, que tem uma oficina mecânica, era bonita, até minha mãe, que era velha, era bonita, o único que era apenas bonito e não estava se dando bem na vida era eu, mas beleza não põe mesa, a menos que você seja mulher, como dizem.

Além da minha mãe e dos meus irmãos, estavam na festa os amigos deles. Eu não tenho amigos. Vá lá, os amigos deles são também um pouco meus amigos. Todo mundo bebeu, teve cantoria, gargalhadas, tudo numa boa, eu também bebi, mas não adiantou nada, a cerveja e o vinho tiveram o mesmo efeito que chá de agrião, só me deixaram enjoado.

“O Oduvaldo arranjou uma namorada” anunciou Marialva, lá para as tantas.

Todo mundo caiu na minha pele. Disseram um monte de besteiras, contaram piadinhas.

“Esse cara é um moita” disse Ronaldo.

“Quem é a moça?” perguntou minha mãe.

“Trabalha numa farmácia” disse Marialva.

“A Jaqueline? Aquela garota é um anjo”.

“Ela não trabalha na farmácia daqui, mãe. Acho que é numa das farmácias da rua Larga. Os dois estavam andando pela rua Larga. O nome dela é Geni”.

Ouvi mais um monte de piadinhas idiotas. Marialva não contou que Geni era feia. Para falar a verdade, Marialva era legal, estava noiva de um médico, ia casar com ele, o cara estava na festa, era meio prosa, sabe como são esses médicos, mas não era mau sujeito, muito gentil com todos nós, mas graças a Deus eu não precisava dos serviços dele, o cara era médico de hemorróidas. Além de bacana, o puto também era bonito. Porra, tinha gente feia pra caralho no Brasil, menos na minha família? Que merda.

No dia seguinte passei na farmácia. Genoveva estava emburrada.

“O senhor deseja algum produto?”

“Quero falar com você”.

“Não temos nada a conversar. Estou muito ocupada” disse, virando as costas e se escondendo no fundo da farmácia.

Eu estava numa sinuca de bico. Não podia apresentar Genoveva à minha família, eu ia morrer de vergonha, estava também com vergonha de mim mesmo, de ser um babaca, acho que era porque perdi o meu emprego e não conseguia arranjar outro, larguei o colégio no meio porque só gostava de jogar bilhar e bater bola, minha mãe e os meus irmãos deviam me encher de porrada, mas passavam a mão na minha cabeça.

Fiquei rondando a porta da farmácia até a hora de fechar. Quando Genoveva saiu, cheguei perto dela e disse:

“Quero te pedir perdão”.

Nenhuma mulher resiste quando um homem pede perdão. Ela olhou para mim, viu alguma coisa na minha cara e me perdoou.

“Está perdoado” disse, me dando um beijo no rosto.

Perdão eu pedi de verdade, mas o que disse em seguida era meio verdade meio mentira.

“Não te apresentei minha família porque eles são todos metidos a besta, só por isso”. Eles eram mesmo metidos a besta, até minha mãe, que se chamava Ednalva, era metida a besta, mas o motivo não era só esse, era como a minha família ia reagir quando visse a feiúra de Genoveva.

“E qual é o problema de eles serem convencidos? Qual é o problema?”

Consegui driblar o assunto e me separei dela numa boa, mas Genoveva parecia preocupada com alguma coisa.

No dia seguinte ao aniversário de Clodoaldo, me deu uma coisa e eu chamei Marialva para uma conversa particular. Disse a ela que estava apaixonado por Genoveva. Se você quer abrir o seu peito, abra para uma mulher Se ela for sua irmã, é claro. Mãe é mais complicado, mãe é boa numas coisas, noutras é melhor a irmã.

“Aquela moça da rua Larga?” perguntou Marialva.

“Aquela.”

“Muito apaixonado?”

“Loucamente apaixonado. Não posso viver sem ela. Sei que ela é feia, mas 
não posso viver sem ela”.

‘‘Existe gente mais feia do que aquela moça
".

Depois, Marialva não disse mais nada. Mordeu o beiço de baixo, só isso.

Fiquei andando pela rua, passei na porta do bilhar, resolvi que não ia jogar sinuca nunca mais, nem pelada de futebol, sei que ia sofrer por isso, mas a minha vida já estava mesmo um lixo. Ainda por cima, na quinta-feira era o dia do meu aniversário; a minha família sempre fazia uma festa para mim e eu não ia levar a Genoveva. Se ela soubesse, eu estava frito, Genoveva se chateou só porque não a convidei para o aniversário do Clodoaldo. Eu estava no mato sem cachorro.

Fiquei dois dias sem ver Genoveva. No dia do meu aniversário, cheio de remorso, dei uma passada na farmácia. Pensei que ela ia me dar um esporro, mas me recebeu com um sorriso. Achei esquisito, mas a gente nunca sabe o que uma mulher está pensando.

“Passei aqui só para te dizer que te amo”.

“Mais alguma coisa?”

“Não, só isso. A gente se vê amanhã?”

“Está bom, a gente se vê amanhã” disse ela, sempre rindo. Parecia ter pirado completamente”.

O meu aniversário foi na casa da minha mãe. Eu morava na casa da minha mãe, acontece com os caçulas, ainda mais temporão e desempregado, como eu. Estava a turma toda lá, meus irmãos, as mulheres dos meus irmãos, o doutor da Marialva, aqueles bestalhões todos A festa mal havia começado quando minha mãe disse:

“Marialva, vai pegar o presente do Oduvaldo”.

Minha irmã desapareceu por algum tempo.

A campainha da porta tocou, e todos começaram a cantar, parabéns para você. Aquela musiquinha me dava nojo.

Então minha mãe abriu a porta e surgiu Marialva, puxando Genoveva pela mão.

“Genoveva...? eu disse, surpreso.

“Não tem tanta farmácia assim na rua Larga, foi fácil encontrar a moça” disse Marialva.

Tive vontade de chorar, acho que é porque estava desempregado, e sujeito desempregado fica fraco. Para falar a verdade, meus olhos ficaram úmidos quando abracei Genoveva. Depois abracei os meus parentes e todos cobriram Genoveva de beijos. Minha mãe trouxe um bolo da cozinha, cheio de velas acesas.

Estou casado com Genoveva. Minha família gosta muito dela, dizem que é meiga, prestativa e cuida bem de mim. Trabalho como garçom no restaurante do Clodoaldo. Não é tão ruim assim, ser garçom, e o meu irmão me ofereceu sociedade. Estou dando duro, sem hora para entrar nem sair.

Quem foi que disse que família é uma merda?

Texto extraído do livro Pequenas criaturas, Companhia das Letras - São Paulo, 2002, pág. 32.



UMA HISTÓRIA DE AMOR

Vou aproveitar e postar dois textos, um de Carlos Drummond de Andrade e outro de Rubem Fonseca. Leiam, são histórias bem legais, a primeira fala de amor, e a segunda de Fonseca, fala sobre família. 
Any :)

UMA HISTÓRIA DE AMOR
Carlos Drummond de Andrade


John Blanchard levantou do banco, endireitando a jaqueta de seu uniforme e observou as pessoas fazendo seu caminho através da Grand Central Station.

Ele procurou pela garota cujo coração ele conhecia, mas o rosto não: a garota com a rosa!! Seu interesse por ela havia começado trinta meses antes, numa livraria de Florida. Tirando um livro da prateleira, ele se pegou intrigado, não com as palavras do livro, mas com as notas feitas á lápis nas margens. A escrita suave refletia uma alma profunda e uma mente cheia de brilho. Na frente do livro, ele descobriu o nome do primeiro proprietário: Srta. Hollis Maynell. Com tempo e esforço ele localizou seu endereço.

Ela vivia em New York City. Ele escreveu-lhe uma carta, apresentando-se e convidando-a corresponder-se com ele. Na semana seguinte ele embarcou num
navio para servir na II Guerra Mundial.

Durante o ano seguinte, mês a mês eles desenvolveram o conhecimento um do outro através de suas cartas. Cada carta era uma semente caindo num coração fértil. Um romance de companheirismo. Blanchard pediu uma fotografia, mas ela recusou... Ela pensava que se, realmente, ele se importasse com ela, sua aparência não importaria... Quando finalmente chegou o dia em que ele retornou da Europa, eles marcaram seu primeiro encontro - 7:00 da noite na Grand Central Station em New York.

"Você me reconhecerá", ela escreveu, "pela rosa vermelha que estarei usando na lapela". Então, às 7:00 ele estava na estação procurando por uma garota cujo coração ele amava, mas cuja face ele nunca havia visto. Vou deixar o Sr. Blanchard dizer-lhe o que aconteceu: 

"Uma jovem aproximou-se de mim. Sua figura era alta e magra. Seus cabelos loiros caíam delicadamente sobre os seus ombros; seus olhos eram verdes como água. Sua boca era pequena; seus lábios carnudos e seu queixo tinha uma firmeza delicada. Seu traje verde pálido era como se a primavera tivesse chegado. Eu me dirigi à ela, inteiramente esquecido de perceber que a mesma não estava usando uma rosa. Como eu me movi em sua direção, um pequeno provocativo sorriso, curvou seus lábios.

"Indo para o mesmo lugar que eu marinheiro?", ela murmurou.

Quase incontrolavelmente dei um passo para junto dela, e então eu vi Hollis Maynell. Ela estava parada quase que exatamente atrás da garota. Uma mulher já passada dos 50 anos, ela tinha seus cabelos grisalhos enrolados num coque sobre um chapéu gasto. Ela era mais que gorducha, seus pés compactos confinavam em sapatos de saltos baixos.

A garota de verde seguiu seu caminho rapidamente. Eu me senti como se tivesse sido dividido em dois, tão forte era meu desejo de segui-la e tão profundo era o desejo por aquela mulher cujo espírito, verdadeiramente, me acompanhara e me sustentara através de todos as minhas atribulações. E então ela parou! Sua face pálida e gorducha era delicada e sensível, seus olhos cinzas tinham um calor e simpatia cintilantes. Eu não hesitei...

Meus dedos seguraram a pequena e gasta capa de couro azul do livro que a identificou para mim. Isto podia não ser amor, mas poderia ser algo precioso. Talvez mais que amor, uma amizade pela qual eu seria para sempre cheio de gratidão.

Eu inclinei meus ombros, cumprimentei-a mostrando o livro para ela, ainda pensando, enquanto falava, na amargura do meu desapontamento."

"Sou o Tenente John Blanchard, e você deve ser a Srta. Maynell. Estou muito feliz que tenha podido me encontrar. Posso lhe oferecer um jantar?" perguntou o cavalheiro.

O rosto da mulher abriu-se num tolerante sorriso:

"Eu não sei o que está acontecendo", ela respondeu, "aquela jovem de vestido verde que acabou de passar me pediu para colocar esta rosa no casaco. Ainda me disse que, se você me convidasse para jantar, eu deveria lhe dizer que ela estaria esperando por você no restaurante de esquina. Me disse que isso era um tipo de TESTE!!

Não parece difícil, para mim, compreender e admirar a sabedoria da Srta. Maynell. A verdadeira natureza do coração de uma pessoa é vista na maneira como ela responde ao que não é atraente!!

" Ninguém é igual a ninguém. Todo ser humano é um estranho ímpar"








Desencantados

Tenho me dedicado a escrever cada vez mais. Hoje vou começar uma história, que comecei a escrever a alguns dias atrás, será uma história contada aos poucos, hoje devo postar um pouco, pois nem sempre dá para toda hora está postando, quem dera se esse fosse meu trabalho oficial rsrs, mas o grande lance será postar um pouco hoje, depois assim que tiver tempo, mais um pouco, e no final teremos uma história, como se fosse em capítulos.

Any

 Capitulo 1

Era uma vez uma terra não muito encantada, com casinhas de barro moldadas a mão. Não havia praças, carros , nem bicicletas, o único meio de transporte era o pé. As pessoas olhavam e olhavam da janela de seus barracos, o tempo, este era neutro, passava lento, algumas ligeiro, outras..as horas se arrastavam.
Na terra não muito encantada, o céu era de papel, branquinho. Podia-se subir até o a altitude exata e troca-lo periodicamente por um novo papel. A rainha do reino não encantado decretou que não poderia chover, pois assim nunca teriam o céu sequinho. Além disso o lugar não tinha sol. Energia elétrica? Somente os vaga - lumes iluminavam a vida pacata dos desencantados, como eram chamadas as pessoas do reino não encantado.
A lua era o único bem que os desencantados tinham. Era considerada a lua mais bonita de todos os reinos. Na janela de uma das mais humildes casinhas do reino, Vicente assistia a todo o brilho e poder vibrante do astro. Olhinhos tenros e atentos ao único espetáculo da natureza proporcionado aos desencantados.
Vicente se perguntava, o que será que tem dentro da lua? Será que existe chocolates? Doce predileto dele. Um dia vicente perguntou à sua mãe.
- Mãe, o que tem dentro da lua?
- Luz meu filho
- Só luz? Indagou o menino desconfiado
- Deve ter sonhos meu filho
-Sonhos?
- Sim, sonhos. Olhe para a lua e faça um pedido em silêncio.
Vicente olhou e pediu em silêncio seu sonho, o maior de todos. O que vicente pediu?




Any

Acidente fatal ressalta divisão de classes no Brasil

Acidente fatal ressalta divisão de classes no Brasil

20 abril 2012

Sonhe..crie e inove!

Sonhe..crie e inove!
As pessoas se preocupam muito com rótulos, não debatem conteúdos, já dizia Mário de Andrade. A cada dia que passa me convenço mais e mais a respeito disso.
Quero me propor a fazer diferente?
Não sei, contudo, tenho feito o máximo para ser a melhor, caso contrário, uma das melhores naquilo que me faz feliz.



Any

18 abril 2012

Havia uma Pedra no meio do Caminho

No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra 
tinha uma pedra no meio do caminho 
tinha uma pedra 
no meio do caminho tinha uma pedra. 

Nunca me esquecerei desse acontecimento 
na vida de minhas retinas tão fatigadas. 
Nunca me esquecerei que no meio do caminho 
tinha uma pedra 
tinha uma pedra no meio do caminho 
no meio do caminho tinha uma pedra


Carlos Drummond de Andrade

15 abril 2012

Bora pro Bora Bora ? :)

O que você pensa quando ver essas imagens? :)










......é eu sei...o paraiso desceu até a terra..rsrsrs. O lugar que vcs estão vendo nas fotos é a ilha mais bonita do mundo, bora bora. Impossível falar de lugares lindos e não citar Bora Bora, cercada de beleza naturais por todos os lados e aperfeiçoada pela mão do homem que construiu os melhores resorts do planeta, bangalôs que harmonizam tanto que só tornaram o lugar ainda mais perfeito e belo.
Eu fico impressionada com tanta beleza, somente a natureza pra desenhar lugar tão belo, desenhado pelas mãos de Deus. 
 Bora lá? :)

Any ;)

14 abril 2012

Estrada da morte...as estradas mais perigosas do mundo

Bem galerinha, vamos começar a sessão trash de lugares perigosos pelo mundo rsrsrs. Se tem uma coisa que é altamente perigosa pra quem viaja é estrada. Por isso, resolvi listar algumas das estradas mais perigosas e difíceis de viajar pelo mundo. A que ganhou, se localiza na Bolívia e chama-se Estrada dos Yungas ( Camino a Los Yungas) ou camino de la muerte ("estrada da morte").Confesso que o nome não é muito convidativo para o viajante ou caminhoneiro que se ver obrigado a passar por essa estrada....se é que podemos chamar de estrada rsrsrs, a  estrada liga a capital La Paz a Coroico, na Amazônia boliviana. É estimado que morrem em torno de 300 a 350 pessoas anualmente em acidentes ao longo de seus 64 quilômetros de percurso com 3.600 metros de desnível. Outra característica muito conhecida são as "Santas Cruzes" ao longo da "pirambeira". Cada uma significa que um automóvel rolou morro abaixo.Vai encarar?


































Túnel da Estrada Guoliang (China)


Nas montanhas Taihang, na província de Hunan (China), uma visão incrível: um túnel de 5 metros de altura por 4 de largura, estendo-se por 1.200 metros, escavado pelos moradores da região, beirando um precipício inacreditavelmente alto. É de se imaginar o perigo presente nessa obra, sem segurança alguma e de estrutura tão aquém dos princípios básicos de engenharia.








Estrada de Arica para Iquique (Chile)

Nessa estrada chilena, você pode escolher seu apuro favorito. Ziguezagueando pelos vales, você corre o risco de cair por ter seu carro desequilibrado pelo vento, forte e constante na região. Depois dos vales, você chega a um cenário de ficção científica, com um monocromático deserto por todo o resto da viagem. Concentração aqui é essencial, para não ser traído pela hipnose da estrada e correr o risco de sair da estrada por causa de um surto psicótico.


Estrada para Yakutsk (Rússia)



Por incrível que possa parecer, a imagem acima não é a de um rio, mas da Autoestrada Federal que leva o incauto viajante de Moscou, capital da Rússia, até Yakutsk, na Sibéria. Nas fotos, até que ela não está tão ruim. O problema é que no inverno siberiano, que dura 10 longos meses, o caminho se transforma numa verdadeira armadilha. Além das temperaturas baixíssimas enfretadas pelos motoristas, o gelo misturado com o barro transforma a rodovia num imenso lamaçal, prendendo os motoristas num lugar desolador e sujeitos a furtos, roubos e sequestros por parte dos bandidos da região. Mais inóspito, impossível.

 Autoestrada Sichuan-Tibete (China)


Viajando pela autoestrada Sichuan-Tibete, tem-se a impressão de andar no teto do mundo. A estrada, de 2.412 km, parte de Chengdu, na província de Sichuan e vai até Lhasa, no Tibete, atravessando vales, montanhas e dezenas de rios. Lá, anda-se o tempo todo no fio da navalha, à beira de precipícios monstruosos, gelo na pista, visibilidade escassa e curvas fechadas. Pelo menos, nas fotos, a vista é espetacular.

Autoestrada James Dalton (Alaska)


Mais uma viagem num freezer. A autoestrada James Dalton tem 662 km e fica no extremo norte do Alaska, atravessando a vegetação de tundra do Círculo Polar Ártico. Por interligar as bacias produtoras de petróleo do Alaska, a estrada é tomada por caminhões articulados, que fazem a entrega de suprimentos nos campos de petróleo da Baía de Prudhoe. Por isso, todo cuidado é pouco com as pedras arremessadas pelos pneus desses veículos, que podem facilmente desintegrar um parabrisa ou quebrar um farol. Além disso, a velocidade desses caminhões levantam uma neblina intensa, reduzindo a visibilidade para perto de zero. E sem postos de combustíveis ao longo de quase todo o percurso, é indispensável ir num veículo 4×4, equipado com rádio-comunicador, combustível extra em galões, 2 estepes (no mínimo) e suprimentos para uma emergência.



Any ;)

07 abril 2012

Mamba negra ataca

Galerinha, um dos melhores filmes de ação que já assisti! Kill Bill, vez ou outra to assistindo. O quarto filme de Kentin Tarantino, com a belíssima Urma Truman no papel de a noiva, codinome mamba negra...é um verdadeiro show de filmagem, de efeitos especiais, de enredo, e muito instigante. Você não tem vontade de parar de assistir. Numa próxima postagem, devo fazer uma análise mais completa do filme pra vcs, por hora...deixo uma parte do filme  pra vcs se divertirem nesse sabadão de aleluia, no youtube ainda é possível assistir a todo filme completo através do link :


http://www.youtube.com/watch?v=6OaUu-pWcGk


Um excelente dia!


Any :)





05 abril 2012

As mais dos anos 80 :)

Bem , galerinha. Seguinte! A um tempo tava querendo postar alguma coisa relacionado as músicas que fizeram história. A maioria das músicas que deixaram sua marca registrada, são dos anos oitenta. Alguém discorda? :)


Vou listar algumas das bandas que fizeram história, observe que a maioria são dos anos oitenta. Sou suspeita pra falar delas, pois sou muito fã dessas bandas e suas músicas, e todos sabem do meu amor incondicional pelo the smiths, que pra mim foi uma banda que marcou os anos oitenta. Mas vamos lá!


Bandas que fizeram história, anos oitenta :


1° The Smiths ( ai ai...precisa falar?)
2° Duran Duran ( save a prayer)
3° Pet Shop Boys( Todas)
4° A-HA ( Todas!)
5° Joy Division ( desorder e love will tear us apart again)
6° Human League( dont you want me baby)
7° The B'52s( private idaho e rock lobster)
8° Talk Talk ( it's my life )
9° U2 ( putz...não tem como listar, todas do U2 são sensacionais )
10° New order ( Blue mondayyyy :) 
11° Kraftwerk ( com Das model e Trans Europe Express )
12° Ultravox ( linda balada " dancing with tears in my eyes" )
13° Simple Mind( com sua inesquecível "dont forguet about me" )
14° Bauhaus ( She's in the parties)
15° Fad gadget ( pouco conhecido, mas back in the nature e collapsing in the people são pais da música eletrônica)
16° The Ramones
17° Bill Idoll
18° The Bolshoi
19° Bob Dylan
20° Erasure


Fora outras melodias maravilhosas dos anos 80, como The cars, com a música Drive, Air supply , Chris De Burgh com a sua lady in Red, linda música por sinal, feita para sua esposa :)...Spandau Ballet com True...tem centenas de melodias dos anos 80, impossível postar todas aqui


Assim, penso que muito do que a música é hoje, deve-se a esses camaradas ae (tirando claro...MCs da vida...e essas modinhas de sertanejo...mas enfim )
Se, olharmos as músicas eletrônicas, os pioneiros nela, foram os alemães Kraftweek, com Das model e Trans Europe express...irei postar a primeira pra vcs analisarem, e perceberem que eles já se preocupavam em utilizar bastante amplificador em suas mixagens. Ainda o alemão Francis John de fad gadgest, esse sim...vc percebe que usa e abusa das mixagens, batidas em garrafas, e barulhos de mesa, madeira, serra elétrica. 


legião urbana com seu ritmo envolvente, e o carisma de Renato Russo no palco, observe duas coisas: Renato Russo teve muita influência da cena punk britânica dos anos 70, dentre eles : Joy Division, Sex Pistols, The Ramones, The Clash e entre outros, mas Renato teve também uma grande influência de The smiths, e seu vocalista Morissey, e este tinha uma performance em palco, de balançar o corpo e letras evasivas, por vezes românticas e analisadoras dos fatos em volta. Pare agora!...percebeu? Como era a performance de Renato em palco, balançava o corpo como Morrisey, como quem querendo dizer: Olhe para mim, olhe como eu danço, fora que as letras e músicas lembram muito as batidas dos smiths.


O Rock nacional, também teve seu lugar ao sol, com Legião, capital inicial, camisa de Vênus, paralamas, RPM, ultraje a rigor, Barão vermelho, Cazuza em carreira solo, fez tanta coisa bacana.


Enfim galerinha fiel :)


Irei postar algumas das minhas preferidas dos anos 80. Ouçam com atenção, blz?
É isso ae, fiquem na paz! Boa páscoa !
Obs:...vamo comer muito chocolate neh? rsrsrs


Beijos. Any




Das Model - Kraftwerk






Fad gadgest com Collapsing 



The smiths com i want the one i cant have, lembra tanto a batida do legião!



Chris de burgh e sua fabulosa lady in Red :)












capital Inicial com Psicopata...punk! rsrs





valeu, galera ;)