07 abril 2013

Grão de areia do deserto

Quem sou, diante de um universo tão misterioso
Quem sou eu que tenta todos os dias ser capaz de sorrir
Quem sou, que diante das perdas...tento não mais perder
mas de vez em quando acabo perdendo, ou quase sempre...ou...
e como as perdas doem!

E por que dói?

Quem sou, nessa imensidão de mar azul, profundo e largo...o largo sem fim
sem fronteiras, sem eiras e nem beiras!
Quem sou eu, num reflexo de esperança
num sorriso de uma criança
No amor feito a dois, num beijo de cinema.

Quem sou eu, na lagrima escorrida do velho que olha a vida...
da janela de uma vila...no meio do sertão
Passando....passando, entrando em cada casa, em cada família reunida
na sala, na cozinha...e na vida.

Quem sou eu, contando essa triste utopia, de querer decifrar
querer conhecer, querer mandar, querer ser!
Ahhh, mas sou apenas um grão de areia...neste deserto de sentimentos
tentando buscar o entendimento, e aprender a todo momento
Apenas sou, apenas estou...já estive, e estarei para onde o vento for

Quem sou eu, por debaixo desses panos
nua em pelo, tendo o desapego de querer beijos, galanteios
de ter o sossego...e ver  teus olhos, escorrendo pela minha pele feito mel
E se for o desejo, a vontade, a paixão, será bem vindo...por favor!

Quem sou eu, diante da lua...famigerada lua...
tão natural quanto a sintonia da brisa...
quem sou eu, numa estrada de barro, onde os carros passam e não param
as luzes acendem, mas não me iluminam
as pessoas andam e não me enxergam
a cidade adormece e não me dá boa noite
e tá frio e o fogo não acende!

Quem sou eu? Quem és tú? Quem somos nós?
ninguém me ouve, acordo e não sinto fome
obedeço, e sigo...até o fim da linha
Mas que fim? O fim ...o fim o finzinho!

Quem sou eu, nessa história de Wilde, Wildesiana
arriscando ser o que sou, o retrato...
mas sou o esboço, o projeto de uma vida
Quem sou eu, que culpa o destino, que persegue seus instintos
que sente Deus presente no abraço sem remorsos
 na nuvem branquinha, na beleza de todas as vidas
Que perdoa, que sorrir, que brinca, que corre, que fica triste
Que chora!

Sou apenas eu! Ser humano, de alma e coração
quem nem você irmão, quem nem o francês, o inglês, o chinês, o japonês...
e o gay...quem nem cada areia do deserto..pequena e frágil, da mesma cor...do mesmo tipo
e com a mesma sorte
apenas sendo um grão de areia...num tornado de poeira
Eu sou, você é, nos somos!




Any Miranda








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